Rio Formoso, Belém de Maria, Palmares e Barreiros são os municípios que mais necessitam de ajuda por causa do número de desabrigados e desalojados pelas chuvas e enchentes.



as 15 cidades em estado de calamidade, quatro estão entre as que mais precisam de donativos. De acordo com o secretário executivo da Defesa Civil de Pernambuco, tenente-coronel Fábio Rosendo, Rio Formoso, Belém de Maria, Palmares e Barreiros são os municípios que mais necessitam de doações devido ao número de desabrigados e desalojados e, por isso, terão prioridade. (Veja vídeo acima)
“Recebemos as doações e repassamos para os municípios de forma fracionada. A decisão de entrega segue a ordem proporcional ao número de desabrigados e desalojados”, explicou o secretário executivo. O lavantamento do número de pessoas afetadas em cada cidade será detalhado ao longo desta terça-feira.
A Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) informou, no início da noite da segunda-feira (29), que subiu o número de pessoas afetadas pelas enchentes que atingiram 23 cidades no interior. São 44.801 moradores: 42.145 desalojados, que deixaram as residências, e 2.656 desabrigados, que perderam as casas.
Para ajudar as famílias que perderam praticamente tudo nas enchentes, diversas instituições e entidades realizam arrecadação de alimentos não perecíveis e objetos de higiene pessoal. Os produtos mais necessários são alimentos não perecíveis e, especialmente, as cestas prontas para consumo. Há pontos de coleta no Recife, em Olinda, em Camaragibe e nos 15 câmpus do do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
No Nordeste, outras cidades foram castigadas pelas chuvas. Ao todo, foram sete mortos em acidentes com barreiras, sendo cinco em Alagoas e dois em Pernambuco, e mais de 48 mil pessoas sem habitação nos dois estados. Pernambuco e Alagoas tiveram 41 municípios afetados.
Em Alagoas, 3.204 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas em 18 municípios, segundo a Defesa Civil. Quatro pessoas desapareceram após soterramento e um corpo foi achado na segunda. Na Paraíba, as precipitaçãoes causaram transtornos. De acordo com a meteorologia, 64 cidades paraibanas encontram-se em zona de risco de alagamentos e deslizamentos de barreiras, segundo o Inmet.

Pernambuco

De acordo com o governo de Pernambuco, 15 cidades estão incluídas no decreto de calamidade pública, publicado no domingo (28). A população dessas áreas chega a 787.245 mil habitantes. Os municípios são: Rio Formoso, Ribeirão, Água Preta, Palmares, Catende, Maraial, Belém de Maria, Barreiros, Amaraji, Barra de Guabiraba, São Benedito do Sul, Cortês, Jaqueira, Gameleira e Caruaru. Segundo a Codecipe, a situação mais grave é de Rio Formoso e Belém de Maria.
As chuvas também ocasionaram duas mortes em Lagoa dos Gatos. Em Caruaru, uma pessoa continua desaparecida. Na cidade, no Agreste, uma criança morreu ao cair em um açude e outra foi encontrada morta nesta terça. De acordo com o governo, há 16 sistemas de abastamento de água paralisados, atingindo 2,2 milhões de pernambucanos.
No domingo, em reunião com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio do Campo das Princesas, o presidente da República, Michel Temer, autorizou o envio de ajuda humanitária para atender as cidades pernambucanas em estado de calamidade devido às fortes chuvas que caíram nos últimos dias, na Zona da Mata Sul e no Agreste do estado. E se comprometeu com a liberação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, junto ao BNDES, para obras no estado.

Alagoas

Antes de chegar a Pernambuco, o presidente Michel Temer foi a Alagoas, que também tem cidades sofrendo com prejuízos causados por fortes chuvas que caíram na última semana. Quatro pessoas morreram e outras cinco estão desaparecidas. Em Maceió, Temer falou da urgência em recuperar danos, mas não falou em valores. "Valores não tenho ainda, preciso verificar quais os danos e o que é que é preciso fazer, mas logo nós teremos resposta para isso", disse o presidente.

Entenda as fortes chuvas

No Nordeste, as chuvas ocorrem por causa de um fluxo de vento que vem do oceano carregado de ar úmido, formando nuvens carregadas na costa e na Zona da Mata. De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, trata-se de um sistema chamado onda de leste, comum nesta região no outono e inverno.

Água acumulada

As chuvas que caem no Grande Recife desde a quinta-feira (25), são responsáveis pelo acúmulo de água nas barragens que garantem o abastecimento na capital pernambucana e na Região Metropolitana. Dos quatro reservatórios, Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, foi o que mais registrou aumento. Em cinco dias, o nível subiu 27,87%.
De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), na quinta-feira (25) o nível do reservatório estava em 46,06%. No domingo (29), Pirapama registrava 73,93% da capacidade.

Saúde

Diante das enchentes provocadas pelas fortes chuvas que caíram no estado nas últimas horas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) alerta a população pernambucana para o consumo de água. A preocupação das autoridades é com a possível contaminação e a possibilidade de transmissão das hepatites A e E, febre tifoide e cólera, além de diarreias agudas. Por isso, o governo orienta os moradores das áreas atingidas sobre cuidados que devem ser tomados.

Obras

Nesta segunda, o presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac-PE), Marcelo Asfora, afirmou que a conclusão de quatro das cinco barragens projetadas há sete anos pelo governo de Pernambuco para evitar enchentes na Zona da Mata é essencial para o funcionamento do sistema de contenção de rios na região. Segundo ele, caso as unidades tivessem sido finalizadas, seria possível reduzir a força da cheia.
Fonte: g1.globo.com/pernambuco/noticia