Autoridades temem a possível contaminação e a transmissão de hepatites A e E, febre tifoide, cólera, além de diarreias agudas. Orientação é colocar solução de hipoclorito de sódio antes do consumo.

Defesa Civil monitora nível do Rio Una em Palmares (Foto: Divulgação/Assessoria )

iante das enchentes provocadas pelas fortes chuvas que caíram no estado nas últimas horas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) alerta a população pernambucana para o consumo de água. A preocupação das autoridades é com a possível contaminação e a possibilidade de transmissão das hepatites A e E, febre tifoide e cólera, além de diarreias agudas. Por isso, o governo orienta os moradores das áreas atingidas sobre cuidados que devem ser tomados. As cheias de domingo (28) deixaram dois mortos, duas pessoas desaparecidas e mais de 30 mil desabrigados e desalojados.
A Saúde Pública informa que a principal maneira de tratar a água é utilizar o hipoclorito de sódio a 2,5%. Para auxiliar os municípios, a secretaria iniciou a distribuição de mais de 180 mil frascos da solução para as secretarias municipais das cidades atingidas.
Para cada litro de água, devem ser colocadas duas gotas do produto. Para 20 litros (garrafão), são dois mililitros (ml) ou uma colher de chá. No caso de caixa d’água de 500 ou 1 mil litros, um ou dois copinhos de café, respectivamente. Em todos os casos, é preciso esperar 30 minutos para consumir a água.
A Saúde também alerta para o risco de leptospirose. O contato da pele ou dos olhos com água ou lama contaminadas também pode provocar a doença, que é transmitida pela urina de animais portadores de leptospira, principalmente ratos. Em caso de contato, a indicação é lavar bem a área do corpo com água limpa e sabão.
O governo alerta para os sintomas: febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas pernas, na área das panturrilhas). Eles podem aparecer até 30 dias após o contato com a água ou lama.
Também podem ocorrer vômitos, diarréia e tosse. Nas formas graves, pode aparecer icterícia (pele olhos amarelos), sangramento e alterações urinárias. Surgindo algum sintoma, é indispensável procurar o serviço de saúde mais próximo de casa.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária) mata as leptospiras e deve ser usado para desinfetar reservatórios de água. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas.

Estrutura

Os profissionais da secretaria estão avaliando a situação dos equipamentos de saúde dos municípios, incluindo infraestrutura, equipamentos e insumos. As primeiras equipes que seguiram para a Região e levaram medicamentos e equipamentos para diabéticos, como glicosimetros e tiras para medição.
Além disso, foram enviados materiais médico-hospitalares, como soro fisiológico e glicosado, estetoscópios, tensiometros, luvas, micronebulizadores, ataduras, absorvente hospitalar, gazes, álcool, esparadrapo e fraldas geriátricas.
Barragem de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, acumulou água (Foto: Reprodução / TV Globo)

Barragens

Nesta segunda-feira (29), o presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac-PE), Marcelo Asfora, afirmou que a conclusão de quatro das cinco barragens projetadas há sete anos pelo governo de Pernambuco para evitar enchentes na Zona da Mata é essencial para o funcionamento do sistema de contenção de rios na região. Segundo ele, caso as unidades tivessem sido finalizadas, seria possível reduzir a força da cheia.
Rio Formoso, uma das cidades atingidas pelas chuvas, no Litoral Sul de Pernambuco (Foto: Bruno Grubertt/TV Globo)

Solidariedade

Para ajudar as famílias que perderam praticamente tudo nas enchentes, diversas instituições e entidades realizam arrecadação de alimentos não perecíveis e objetos de higiene pessoal. Há pontos de coleta no Recife, em Olinda e nos 15 câmpus do do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).

Entenda as fortes chuvas

No Nordeste, as chuvas ocorrem por causa de um fluxo de vento que vem do oceano carregado de ar úmido, formando nuvens carregadas na costa e na Zona da Mata. De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, trata-se de um sistema chamado onda de leste, comum nesta região no outono e inverno.

Água acumulada

As chuvas são responsáveis pelo acúmulo de água nas barragens que garantem o abastecimento na capital pernambucana e na Região Metropolitana. Dos quatro reservatórios, Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, foi o que mais registrou aumento. Em cinco dias, o nível subiu 27,87%.
De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), na quinta-feira (25) o nível do reservatório estava em 46,06%. No domingo (29), Pirapama registrava 73,93% da capacidade.
Fonte: g1.globo.com/pernambuco/noticia