Clóvis Corrêa fez a afirmação após ex-parlamentar participar de audiência na Justiça Federal, na Zona Oeste do Recife, nesta segunda-feira (5). Depoimento foi prestado ao juiz Sérgio Moro, no Paraná, por meio de videoconferência.


Advogado Clóvis Corrêa ajuda o ex-deputado Pedro Correa (PP), que foi ao depoimento usando cadeira de rodas (Foto: Bruno Grubertt/TV Globo)


ex-deputado Pedro Corrêa (PP) voltou a dizer, nesta segunda-feira (5), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabia dos desvios de dinheiro na Petrobras. A informação foi repassada pelo advogado do ex-parlamentar, Clóvis Corrêa, após audiência na sede da Justiça Federal, na Zona Oeste do Recife. “Lula teria afirmado [para Pedro] que se a questão era dinheiro não tinha problema, porque ele tiraria da Petrobras e daria para eles [partido]”, declarou o defensor do ex-deputado. Pedro Corrêa já tinha falado sobre a relação de Lula e os desvios na empresa em 2016.
O ex-parlamentar, que chegou a ser preso pela Polícia Federal por causas das investigações da Operação Lava Jato, prestou depoimento, nesta segunda, por meio de videoconferência com o juiz federal Sérgio Moro, que estava em Curitiba (PR). Participaram também da audiência, realizada na capital paranaense, os advogados do ex-presidente Lula.
Além de Corrêa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, ouve, ainda nesta segunda, quatro testemunhas de acusação no segundo processo que tem o ex-presidente como réu, em Curitiba. Um deles é o empresário Emílio Odebrecht.

Depoimento

Segundo Clóvis Corrêa, advogado do ex-deputado Pedro Corrêa, Lula procurou os presidentes dos partidos por não ter a maioria no Congresso Nacional. Entre eles, estava o ex-presidente do PP. Clóvis Corrês declarou que Lula disse que queria o apoio dos líderes partidários.
"Pedro perguntou qual o ministério ele [Lula] ia dar ao partido [PP]. Lula disse que que não poderia dar e perguntou por que eles queriam um ministério. Pedro disse que era para fazer obras no estado e ajudar os empresários, que queriam apoiar as campanhas eleitorais, como era normal em todos os pleitos. Lula teria afirmado [para Pedro] que se a questão era dinheiro não tinha problema, porque ele tiraria da Petrobras e daria para eles [partido]”, declarou Clóvis Corrêa.

A audiência desta segunda foi solicitada pela defesa do ex-presidente Lula. De acordo com Clóvis Corrêa, seria uma oportunidade para esclarecimentos. "O advogado de Lula quis interrogá-lo [Pedro], pois ele tinha feito uma delação a respeito do ex-presidente antes da homologação [da delação premiada]”, afirmou Clóvis.
No Recife, a audiência começou às 10h. Pouco antes desse horário, o ex-deputado chegou em um carro particular com motorista. Ele saiu do veículo e entrou no fórum com ajuda de uma cadeira de rodas e uma bengala.
Segundo o advogado dele, Clóvis Corrêa, o ex-parlamentar está internado em um hospital particular na capital pernambucana. Ele saiu da unidade hospitalar para participar da audiência. Depois, voltou para o centro de saúde, onde passará por uma cirurgia, esta semana. A ouvida durou cerca de 40 minutos.

Defesa de Lula

Por meio de nota, o escritório de advocacia que defende o ex-presidente Lula comentou o depoimento do ex-deputado Pernambucano. Segundo a defesa do petista, "o ex-deputado Pedro Corrêa, cassado por quebra de decoro parlamentar em 2006, deixou claro ao Juízo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba ter refeito anexos de seu depoimento à Força Tarefa do Ministério Público Federal, visando fechar sua delação premiada, com o objetivo de apenas completar informações a respeito do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva", informou a nota, assinda pelo advogado Cristiano Zanin Martins.

Veja a íntegra da nota:

"O ex-deputado Pedro Corrêa, cassado por quebra de decoro parlamentar em 2006, deixou hoje claro ao Juízo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba ter refeito anexos de seu depoimento à Força Tarefa do Ministério Público Federal, visando fechar sua delação premiada, com o objetivo de apenas completar informações a respeito do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Corrêa depôs ao MPF em 1/9/2016 e foi nesse momento informado de que estavam faltando elementos para embasar denuncia contra Lula, ocasião em que disse querer colaborar. A denuncia foi ofertada em 14/9/2016. Até hoje a delação de Corrêa não foi homologada, depois de ter sido barrada pelo ministro Teori Zavascki em 2016 por falta de provas das alegações apresentadas.
Diante da manifesta fragilidade de sua versão sobre encontros com Lula, Corrêa mostrou fotos - com a presença de Lula - de reuniões do Conselho Político, que participou como presidente do PP. Perguntado pela defesa, ele não teve como deixar de admitir que essas reuniões eram públicas, com agenda certa e acompanhadas pela imprensa. O ex-Presidente sequer participava desses encontros, fazendo apenas aparições ao final para o cumprimento aos presentes. Como Corrêa abriu a audiência mostrando essas fotos, ele se colocou não com a isenção de uma testemunha, mas como pessoa com interesse na causa, buscando a qualquer custo destravar sua delação.
A defesa de Lula pediu, no início da sessão, em atenção ao contraditório, à ampla defesa e à paridade de armas - como determina a Súmula 14 do STF - que o depoimento de Corrêa fosse remarcado e viu negado seu pedido. Foi relembrado que MPF havia assumido, na audiência de 08.05, o compromisso de informar previamente o "status" dos processos de delação envolvendo pessoas chamadas a depor. E no caso de Corrêa não foi apresentada qualquer informação, embora o MPF tenha reconhecido a existência de negociações e de diligências documentadas.
Ao final da audiência, o Juízo deu ciência às partes de que o MPF havia juntado ao processo documentos relativos a processos de delação de executivos do grupo Odebrecht. Com a adesão de outras partes, pedimos então a redesignação da audiência prevista para a parte da tarde - a partir das 14 horas -, considerando não haver tempo hábil para conhecer os novos elementos, situação que ofende o contraditório, a ampla defesa e a paridade de armas. O juízo decidiu manter os depoimentos "por economia processual", embora tenha constatado o prejuízo à defesa, tanto é que facultou futuro pedido de nova oitiva."
Fonte: g1.globo.com/pernambuco/noticia