Reverter positivamente a conta bancária exige uma série de cuidados
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Ao contrário dos outros garotos da minha idade, eu nunca me interessei muito por futebol. Por não me dedicar ao esporte, nunca tive grandes habilidades futebolísticas. Esta minha opção nunca me prejudicou, já que acabei trilhando minha vida por caminhos em que o futebol não era imprescindível. Mas se o esporte fosse fundamental para meu bem-estar, minha falta de interesse teria sido fatal. Com as finanças acontece algo semelhante. A maioria das pessoas não se interessa de verdade pelo assunto e deixa a questão de lado, dando ao dinheiro a mesma atenção que eu dava ao futebol quando menino.
A grande diferença é que, não importa que caminho você escolha trilhar, as finanças sempre tomam um papel relevante em sua vida. Considerando este cenário, o primeiro erro que as pessoas cometem no quesito administração financeira pessoal é não ter nenhum interesse pelo assunto.
O segundo é a falta de objetividade. Muita gente gostaria de comprar um imóvel mas acha que não é capaz. No entanto, na maioria das vezes o problema não é a falta de dinheiro e, sim, de objetividade. Isso mostra que se você tiver um objetivo claro, saberá abrir mão de outros menores para atingir sua meta principal. Talvez enquanto está comprando sua casa não seja possível trocar o carro, por exemplo.
O terceiro erro muito comum é desconcertante: frequentemente as pessoas gastam mais do que ganham. Aqui, alguém pode dizer: "isto é impossível, só um irresponsável agiria assim". Mas não se trata de falta de responsabilidade e, sim, de clareza. As pessoas incorporam aos seus gastos uma série de coisas que não são compatíveis ao rendimento mensal.
VIVENDO NO LIMITE
Quem não conhece alguém que só paga o valor mínimo da fatura do cartão de crédito? Ou cuja conta bancária só fica positiva no dia do pagamento de salário e que, no resto do mês, vive do limite do cheque especial? Estes são alguns exemplos de situações de pessoas que incorporam aos seus rendimentos os empréstimos que as instituições financeiras lhes concedem e, por isto, acabam gastando mais do que ganham.
Claro que existem muitos casos de gente que se endivida por questões circunstanciais, que nada tem a ver com má administração financeira. É o caso, por exemplo, de um sério problema de doença na família ou, mais comumente, alguém que perdeu o emprego e está com dificuldades de se recolocar. Porém, em tempos de pleno emprego, como vivemos hoje, a falta de interesse pela administração das finanças, conjugada à falta de habilidade em administrar seu dinheiro, ainda é a principal explicação para o endividamento.
Uma providência muito simples que todos deveriam tomar é fazer uma relação diária de tudo o que gastam, totalizando esta relação ao final de cada mês e comparando com seus rendimentos. Isto vai permitir que você enxergue para onde está indo seu dinheiro e recomponha suas finanças, contendo despesas que podem ser adiadas. Muitos pensam que só um especialista é capaz de administrar finanças, mas a verdade é que qualquer um consegue cuidar de seu orçamento.
SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA
Numa época em que se fala tanto em sustentabilidade, é importante estar atento ao desperdício. Esse termo tem sido tratado, nos tempos atuais, através de um tripé que está muito ligado às finanças: reduzir, reutilizar e reciclar. Portanto, seja lá do que estivermos falando, compre menos, use por mais tempo e, ao final, recicle. Geralmente muitas das coisas que compramos são desnecessárias. Num breve passeio pela sala de sua casa, você vai encontrar, sem esforço, alguns itens dos quais pode se desfazer prontamente.
Outro dia assisti uma palestra em que uma empresa apresentava o resultado de uma pesquisa muito interessante. Quando perguntadas, a maior parte das pessoas indicava que viveria muito bem se pudessem ganhar 20% a mais do que ganha atualmente. Estas mesmas pessoas, quando confrontadas com a possibilidade de que seu vizinho ganhasse 20% a menos, também se manifestaram satisfeitas.
Isso mostra que vivemos numa sociedade de competição. Se meu vizinho trocou de carro, tenho que trocar também. Se minha vizinha tem uma bolsa nova, preciso ter uma melhor ainda. As propagandas nos induzem a acreditar que a felicidade está atrelada ao quanto somos capazes de consumir e esta é uma armadilha muito eficiente. Os produtos são atualizados frequentemente e sempre achamos importante ter a versão mais atualizada de alguma novidade.
A primeira deixa para você evitar esse tipo de armadilha é lembrar que nenhum produto que você realmente necessita precisa de propaganda para convencê-lo a comprá-lo. E quantos mais chamariz o produto tiver, menor a chance dele ser realmente útil para sua vida.
NO CAMINHO DA REALIZAÇÃO FINANCEIRA
O primeiro passo para ter uma vida financeira saudável é querer ter uma vida financeira saudável. Pode parecer absurdo, mas muita gente quer continuar consumindo mais do que precisa, vivendo sem planejamento e ignorando a questão financeira.
Depois que estiver pronto para reverter positivamente sua conta bancária, comece a anotar tudo o que gasta, do cafezinho à prestação da casa. Ao final do mês, classifique estas despesas em três grupos:
Comece cortando os gastos supérfluos inteiramente e diminua fortemente os gastos desejáveis. Quanto mais firme você for nestes cortes, mais rápido terá suas finanças saudáveis. Lembre-se de que, ao final deste corte, será possível retomar, com parcimônia, alguns daqueles gastos. É o tipo de sacrifício temporário.
Depois que ajustar suas despesas, você estará pronto para procurar as instituições financeiras e renegociar suas dívidas. Mas fique atento: não utilize mais os limites de cheque especial ou do cartão de crédito. Se for possível, consiga uma fonte de renda suplementar por este período. Às vezes, um segundo emprego ou algumas horas extras por um tempo curto podem colaborar para sair do sufoco mais cedo. Só não vale se tornar escravo de seu trabalho e de suas finanças, é preciso ter objetividade.
SEM DÍVIDAS, MANTENHA SEU SALDO POSITIVO
Por fim, livre das dívidas, o desafio é conseguir se reeducar. Continue fazendo as anotações de tudo o que você gasta e compare com quanto ganha. Ao final, saberá dosar o quanto pode gastar em itens desejáveis e em itens supérfluos, sem comprometer seu orçamento.
Se você chegar até aqui, estará pronto para a quintessência da administração financeira: poupar. Muitas pessoas com quem eu converso não poupam porque acham que só dá resultado se guardarmos muito dinheiro. Não é verdade, poupe o que puder. Sempre que houver uma sobra, guarde algum dinheiro, muito ou pouco, não importa. Você vai se surpreender com o que o tempo é capaz de fazer a favor de quem guardo um pouquinho por vez.
Fonte: www.personare.com.br
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