Mas nem todo mundo acreditou na história contada pelo pesquisador

O Manuscrito Voynich sempre apareceu em listas de "maiores mistérios da humanidade"
Simon Worrall


Finnegans Wake? Arco-Íris da Gravidade? Ser e Tempo? O Mundo de Larissa Manoela? Esses livros podem ser difíceis, mas o Manuscrito Voynich é o que realmente faz pesquisadores e linguistas baterem a cabeça há décadas. Por causa de sua composição confusa e incompreensível, a interpretação é trabalhosa e complicada. O livro leva este nome porque foi comprado por um colecionador de livros em 1912 chamado Wilfrid Voynich, na Itália.



Especialistas de diversas áreas já tentaram decifrar o conteúdo do manuscrito. Criptógrafos, linguistas e até botânicos, já que várias plantas estão ilustradas no livro. Entre as teorias postas pelo povo para explicar a origem do livro, havia a que era um guia de alquimia obscura ou mesmo um livro de magia negra.

Mas de acordo com Grace Lisa Scott, do site Inverse, um britânico especializado em textos de tempos medievais chamado Nicholas Gibbs disse ter decifrado o manuscrito. Ele passou mais de três anos analisando o volume, e afirma ter descoberto que o idioma não é nada além de latim simplificado.

De acordo com Gibbs, o Voynich é um guia medicinal para mulheres. Na verdade, é basicamente um compilado de vários outros livros do século XII dedicados à saúde feminina. Em alguns textos, haviam até ilustrações idênticas de um mineral chamado magnetita. Gibbs também disse que as ilustrações que mostram banhos eram uma forma de ilustrar como banhos eram uma estratégia para melhorar a saúde na época.

A forma como o livro era organizado, com nomes de males e de medicinas no índice, também mostra que o Voynich é, de fato, um guia medicinal. Pelo menos isso é o que diz Gibbs.
O que dizem os outros pesquisadores?
Assim que o artigo de Gibbs fez sucesso, um curador da biblioteca de Houghton duvidou. "Nós não vamos comprar essa ideia do Voynich, certo?", disse ele.

A estudiosa Kate Wiles, editora do History Today, respondeu ao Twitter de John Overholt: "Eu não conheço nenhum medievalista que tenha acreditado nessa história. Eu pessoalmente não acredito."

Gibbs tinha usado apenas duas linhas de tradução do texto para provar que o livro tinha sido escrito em latim, o que não é lá uma grande amostra.


A diretora da Medieval Academy of America, Lisa Fagin Davis, disse que a tradução de Gibbs "não resulta em um latim que faz sentido, do ponto de vista gramatical. Eu estou surpresa que alguém tenha acreditado. Se ele tivesse enviado essa tese para a Biblioteca Beinecke, ele seria refutado na hora."

A Biblioteca Beinecke, em Yale, é onde o Manuscrito fica guardado.

A teoria de Gibbs fala de um índice como prova que é de fato uma publicação medicinal, mas ele não tem prova da existência desse índice, mesmo que algumas páginas estejam faltando.

A ideia de que é um livro medicinal para mulheres pode até estar correta, mas não foi uma descoberta de Gibbs. Outros historiadores já haviam chegado à mesma conclusão em 2012 usando os mesmos argumentos.
noticias.r7.com

PR. REGINALDO SILVA
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