Às vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, trechos da delação do doleiro Lúcio Funaro podem comprometer o futuro do peemedebista.



Em depoimento à Procuradoria-Geral da República 23 de agosto, o operador financeiro disse ter "certeza" de que parte da propina de esquemas de corrupção do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro de 2016, em era destinada ao presidente, de acordo com a Folha de São Paulo.
Tenho certeza que parte do dinheiro que era repassado, que o Eduardo Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha, dava um percentual também para o Michel Temer. Eu nunca cheguei a entregar, mas o Altair [Altair Alves Pinto, emissário de Cunha] deve ter entregado, assim, algumas vezes.
Segundo o delator, a proximidade de seu escritório ao de Temer em São Paulo, 100 metros, facilitava as transações. O escritório do advogado José Yunes, ex-assessor especial do presidente da República, também era próximo.
De acordo com o doleiro, Temer nunca lidou diretamente com o dinheiro porque "tinha receio de se expor", mas "tinha conhecimento dos fatos".

Funaro cita repasses de empresas ao PMDB em troca de favores. Um deles seriam doações eleitorais do empresário Henrique Constantino, sócio da Gol Linhas Aéreas, para a campanha de Gabriel Chalita, candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012.
O operador conta que pegou R$ 1 milhão no escritório de Yunes, que teriam de ser entregues ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA). O dinheiro teria sido pago pela Odebrecht.
Em depoimento, Yunes disse que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, pediu a ele em 2014 para receber um "documento" em seu escritório.

Em outro depoimento, Funaro conta que Cunha era uma espécie de "banco" para os corruptos. "Todo mundo que precisava de recursos pedia pra ele e ele cedia os recursos, e em troca mandava no mandato do cara, era assim que funcionava."




De acordo com o delator, era ele quem conseguia dinheiro vivo de empresários, como Joesley Batista, da JBS, para entregar ao que chamou de "bancada do Eduardo Cunha". Ele citou Temer e o ex-ministro Henrique Alves como integrantes do grupo.
O operador disse ainda que Temer pediu a Cunha para defender interesses de empresas portuárias durante a tramitação da medida provisória dos Portos, em 2013.

Outro lado

O Palácio do Planalto informou que "o presidente Michel Temer não fazia parte da bancada de ninguém", em referência ao grupo de Eduardo Cunha.
O advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima, disse, em nota, que "Lúcio Funaro já faltou com a verdade em inúmeras oportunidades".

A defesa de Eduardo Cunha disse que Funaro atribui a outros a participação e cumplicidade em seus atos ilícitos em busca de benefícios.

A defesa de Geddel Vieira Lima disse que não se manifesta sobre o que não teve acesso, "sobretudo de réus delatores que são inexplicavelmente soltos quando começam a mentir".
acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de ser o destinatário final de uma mala com R$ 500.000 de propina paga pela JBS ao ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures."
msn.com