Todos nós temos certos gatilhos e situações que podem fazer nossa confiança ir de dez a zero em poucos segundos. Ver o vizinho com um novo carro, assistir a apresentação magnífica de um colega de trabalho na frente dos chefes, ver pessoas com o corpo definido malhando na academia. São várias as situações que podem cair como uma bomba na auto-estima de alguém. Agora, as redes sociais são outro meio que pode contribuir para essa sensação que a grama do vizinho é mais verde.
Não é raro que um usuário compare sua vida com fotos, textos e mensagens de outros na rede social, o que dá muitas vezes a falsa impressão que a vida não é tão interessante quanto a de outras pessoas.
O psicólogo Renato Santos explica que não é difícil encontrar pessoas que "mascaram" a própria vida com uma imagem falsa da realidade.
— Nas redes sociais as pessoas optam por mostrar a imagem de quem elas gostariam de ser. Como um reflexo da sociedade moderna, elas mostram aos outros aquilo que é valorizado: viagens, carros, restaurantes caros... Mantendo uma superficialidade que é encontrada inclusive nas relações cotidianas. As pessoas não mostram aquilo que elas realmente são ou sentem, mas aquilo que elas gostariam de ser e que os outros que as vêem também desejariam.

Nomofobia: uso excessivo de celular pode levar à ansiedade, tremor e até depressão

Para a assistente de comunicação Ketlen Damasceno, 23, as redes sociais parecem uma competição para ver quem tem a vida mais perfeita.
— As pessoas sempre constroem um cenário querendo ser melhores do que as outras pessoas. Eu particularmente posto coisas que me agradam. Quando um amigo virtual posta algo super diferente ou bonito como, por exemplo, uma viagem, eu fico sempre feliz pela pessoa, mas ainda acho minha vida muito mais interessante.
Mas nem sempre é assim. A estudante Thais Silva, 20, confessa que já se sentiu diminuída ao ver postagens no Facebook de amigos virtuais.
— Já me senti mal sim com posts no Facebook e Instagram. As fotos de viagem, por exemplo, me fizeram sentir vontade de estar no lugar da pessoa. Para não ficar me sentindo mal, eu tento olhar as viagens e passeios que já fiz e lembrar que nem tudo que está nas redes sociais é verdade.
Ninguém gosta de tristeza
A community manager do Scup (ferramenta de monitoramento de redes sociais), Soraia Lima, avalia que o fenômeno de sempre se mostrar atraente para terceiros é devido ao fato de que ninguém gosta de ver tristeza.
— Nós não queremos ver um muro de lamentações, o famoso mimimi, quando entramos nas redes sociais. Nós encaramos as midias sociais como uma forma de entretenimento, e mesmo pessoas que postam fotos se mostrando lindas e maravilhosas, elas não estão se achando desse jeito na vida real.
Santos concorda com a opinião de Soraia.
— É como se as pessoas vendessem uma felicidade ou uma vida inatingível, pois, em maior ou menor grau, todos apresentam um ponto de insatisfação em suas vidas. 
Por isso, para não se sentir influenciado negativamente pelas redes sociais, um primeiro passo é entender que nem tudo ali é verdadeiro. Diminuir o tempo online e redirecionar seu foco em coisas que realmente importam, como ler um livro, passar um tempo com amigos e família, ou mesmo dar uma corrida no parque, são maneiras de utilizar melhor um tempo que anteriormente seria gasto para assistir a pseudofelicidade de terceiros.
R7