De norte a sul do país, aliados do presidente eleito confirmam presença em evento que deve bater recorde de público na capital federal

Esqueça os disputados dias no litoral ou mesmo os famosos sete pulos nas ondas para entrar com o pé direito no primeiro dia do ano. Descarte até flores para Iemanjá ou os fogos nas areias das inúmeras praias brasileiras. A grande atração neste ano, pelo menos para um numeroso grupo de pessoas, será inverter o fluxo tradicional do Réveillon para acompanhar a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em Brasília.
Estabelecida em Campinas (SP), a agência de viagens A Via enxergou no evento de 1º de janeiro uma possibilidade de lucrar. A empresa lançou 14 pacotes – todos chamados “Patriotas” – com opções para o apoiador do pesselista testemunhar a transmissão da faixa presidencial ao capitão reformado do Exército e, de quebra, passar a virada na capital federal.
Grupo se organiza para viajar para Brasília a fim de assistir à posse de Bolsonaro

O turista pode escolher entre planos que variam de R$ 350 a R$ 825. O mais simples, por exemplo, garante a viagem de ônibus de Campinas a Brasília, saindo em 31 de dezembro e retornando em 1º de janeiro, logo após a cerimônia presidencial. O bate-e-volta inclui ônibus classe turismo e exclui a necessidade de hospedagem.
O mais caro, por outro lado, inclui passagem aérea de Campinas para Brasília, duas diárias em hotel classe turismo com café da manhã, seguro viagem e, ainda, o ingresso para a “Confraternização Patriota” de final de ano. O pagamento pode ser parcelado em até seis vezes no cartão de crédito.
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A mesma agência de viagem faz sátira aos adversários do futuro presidente da República. No pacote especial “Lula Molusco”, o viajante não tem a opção de escolher nenhuma modalidade sob a justificativa: “Este não viaja, está preso!”.
Minas Gerais
Com a capacidade esgotada, o programa “Posse do mito em Brasília” sairá de Juiz de Fora (MG) para o DF. O pacote inclui viagem de ida e volta em ônibus executivo, hospedagem com café da manhã, almoço, festa de Réveillon e um tour pelos principais pontos turísticos da capital federal. O valor cobrado por passageiro é de R$ 660.
Os organizadores das caravanas acreditam que o evento oficial de 2019 deve bater recorde de público em comparação às outras posses presidenciais. O maior número registrado foi na passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003, quando 200 mil pessoas acompanharam a programação nas ruas de Brasília.
IndependentesSem o profissionalismo das agências de viagem, mas com a otimização dos próprios recursos, admiradores de Bolsonaro decidiram organizar por conta própria a vinda para testemunharem “um momento histórico do país”. Com orçamento apertado, o estudante Rômulo Barreto conta com um grupo de 1.020 pessoas que já pagaram pelas passagens. Agora, ele tem a meta de alcançar o número de 1,3 mil moradores de 50 municípios diferentes da Bahia para a festa.
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A ideia de acompanhar a posse sempre existiu, mas agora chegou o momento. A gente torcia, mas não acreditava que se tornaria realidade. Por que não irmos a Brasília? A posse do Bolsonaro é a queda de toda aquela era do governo petista"
Rômulo Barreto, estudante
Morador de Teodoro Sampaio, município da região de Feira de Santana (BA), o organizador explicou que os 25 ônibus devem demorar cerca de 17 horas para chegar até Brasília. Cada passageiro desembolsou, em média, R$ 780. “Procuramos várias empresas, mas muitas apresentaram dificuldades por ser um pacote ideológico, mas acabamos fechando, com direito a hotel”, disse.
A cearense Paloma Freitas costuma passar a virada do ano rezando. Católica praticante, ela decidiu quebrar a tradição para prestigiar a posse do presidente para quem fez campanha. Para tanto, enfrentará uma maratona nas estradas. “Quem aguentou tantos anos de governo do PT não vai aguentar 80 horas de estrada? Isso será moleza”, disse a administradora. “A vitória de Bolsonaro foi a vitória de Deus”, completou.
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Com os dois dias de viagem, Paloma optou por contratar um ônibus mais confortável para atender os 50 passageiros que a acompanharão. Para economizar na hospedagem, o grupo conseguiu abrigo na casa de conterrâneos, que será usada apenas “como apoio”. “Estamos levando colchão inflável, porque vamos ficar poucas horas na casa dela”, planeja.
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Turma de Cuiabá também se prepara para viajar para Brasília: “Momento histórico”

Prejuízo válido

O empresário Rafael Yonekubo disse que a vitória do pesselista o obrigou a colocar em prática o sonho que mantinha quando Bolsonaro ainda enfrentava a batalha das urnas. Morador de Cuiabá, ele fechou um ônibus com 54 pessoas e pacotes de avião para outros 30 apoiadores que decidiram chegar mais rápido a Brasília.
A princípio, o grupo pensou em alugar um grande imóvel na capital da República, mas acabou fechando acordo com o Bay Park Hotel, onde a diária será de R$ 90 e, de quebra, a turma estará mais perto da Esplanada dos Ministérios e do Palácio da Alvorada.
Yonekubo não costuma passar a virada de ano longe do negócio para evitar prejuízos. Contudo, desta vez, ele disse que não vai calcular as perdas que possivelmente terá com a loja fechada. “A gente tem que prestigiar esse momento histórico. Este ano, para nós, a maior comemoração será a vitória dele. Os prejuízos já tivemos com a turma do Lula durante tanto tempo”, descontraiu.
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Lotação no Parque da Cidade
Cerca de 100 proprietários de motorhomes pegarão a estrada para Brasília nos próximos dias para testemunhar a passagem da faixa presidencial de Michel Temer para Bolsonaro. A informação foi dada pelo administrador do Parque da Cidade, Alexandro Ribeiro, que disse ter sido procurado para ceder espaço aos modernos veículos no cartão postal da cidade.
“Eles me pediram apoio para estacionar esses carros e acompanhar a posse. Expliquei que a estrutura do parque não era a ideal, por não ter pontos de descarte de esgoto, por exemplo. Então, indiquei o camping da cidade, perto do Hospital da Criança, onde poderão ficar mais bem instalados”, disse.
Já o movimento Direita ao vivo programou três ônibus, de 47 lugares cada, com destino a Brasília. O grupo deixará a região do Vale do Aço, em Minas Gerais, para testemunhar a cerimônia presidencial. “Os mineiros vão levar de 10 a 15 ônibus para a capital. Nosso acampamento será dividido por estado e estamos indicando que cada um leve sua barraca e objetos de higiene pessoal para termos mais conforto”, explicou o coordenador Lincoln Andrade.
O grupo apelidado de “Acampamento Conservador” garantiu que pernoitará no Parque da Cidade por estar localizado em um ponto estratégico de Brasília. Ribeiro informou ter sido procurado e agora acerta questões burocráticas.
Posse
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, a posse de Jair Bolsonaro está marcada para as 15h de 1º de janeiro. Contudo, a programação começa pela manhã, quando o presidente eleito participará de uma missa na Catedral de Brasília. Ainda deverá haver o tradicional desfile com o Rolls-Royce presidencial, que dura 15 minutos e é quando o futuro presidente tem contato com o público.
Na parte da tarde, Bolsonaro segue para o Congresso Nacional, onde é feito o juramento diante da Constituição Federal. O Hino Nacional será executado pela Banda do Batalhão da Guarda Presidencial, com salva de 21 tiros de canhão.
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Como presidente empossado, Bolsonaro fará seu primeiro discurso, que será transmitido para todo o país em rede nacional de televisão e rádio. Logo após, no parlatório do Palácio do Planalto, Michel Temer (MDB) passará a faixa para o sucessor.
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