O carnaval do Rio de Janeiro terá, dentre as inúmeras passistas que desfilarão durante a folia, uma evangélica na Sapucaí, nua, e com consentimento do pastor da igreja que frequenta.
Tuane Rocha, 34 anos, vai desfilar pela Rocinha, na Série A do carnaval carioca, recriando uma cena considerada das mais sensuais da história dos festejos na Cidade Maravilhosa. A inspiração será o desfile de 1991 da escola Imperatriz Leopoldinense, quando a modelo Melissa Benson, sem roupas, virou o ícone da festa.
Evangélica, Tuane aceitou o convite da escola de samba da Rocinha para desfilar debaixo de uma cascata d’água, usando apenas um tapa-sexo: “Demorei duas semanas para dar a resposta para a Rocinha. Pensei na minha filha, conversei com meu pastor. Como é um trabalho profissional, todos apoiaram. Não vejo como um simples exibicionismo do meu corpo”, argumentou.
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Segura de sua escolha, Tuane deu mais detalhes do que fará na avenida: “A Melissa usou uma calcinha com uma pedrinha só. A minha não vai ter uma pedrinha só, vou colocar várias, mas vai ser só isso. Nem maquiagem eu vou usar. Quero que fique bem perto do que foi na época”, frisou.
A passista, que é membro da igreja Projeto Vida Nova há cinco anos, afirmou que desfila no carnaval há 18 anos, mas essa será a primeira vez que terá destaque e que irá à folia totalmente despida. Ao jornal Extra, afirmou que pretende se “aposentar” da avenida: “Quero voltar a estudar. Dedicar-me a outros projetos pessoais. Preciso tirar meu diploma de atriz da gaveta”.
O carro onde irá desfilar será o último da escola, com cerca de dez metros de altura. O carnavalesco João Vitor Araújo, 31 anos, é o responsável pela recriação da cena original, de 26 anos atrás. “Foi uma cena muito marcante. Eu tinha que criar novamente. Vamos encerrar o desfile bem”, disse Araújo.

Polêmica

A notícia sobre a evangélica que desfilará nua na Sapucaí tornou-se uma polêmica enorme nas redes sociais na tarde da última terça-feira, 14 de fevereiro. Rapidamente, a igreja preocupou-se em emitir nota afirmando que não há, por parte da denominação, concordância com a escolha da passista.
Na nota, a Projeto Vida Nova reitera que “repudia a nudez como exploração do corpo, assim como toda festa que cultua deuses pagãos e exalta a carnalidade”.
O pastor Hermes C. Fernandes, líder da comunidade REINA, usou sua página no Facebook para comentar o assunto e frisar que pastores não têm a obrigação de autorizar ou desautorizar as decisões tomadas por seus fiéis no que se refere às suas particularidades.
“Sobre a polêmica da passista que recebeu autorização de seu pastor para desfilar nua no carnaval, quero deixar claro que ninguém, absolutamente ninguém precisa de autorização minha como pastor para fazer o que quer que seja. Pastores não são donos dos corpos de seus fiéis. Cabe a cada pessoa ser guiada por sua consciência iluminada pelo Espírito de Deus. E como disse o apóstolo Paulo, onde está o Espírito, ali há liberdade, não opressão velada. Nosso papel é orientar, não consentir ou deixar de consentir”, escreveu.
Por fim, respondendo a um comentário, Fernandes disse que “antes de emitir qualquer opinião, caso me fosse pedida, eu pararia para ouvi-la, conhecer suas razões, o contexto, etc. Procuraria então fazê-la refletir sobre isso a fim de que tomasse uma decisão madura”, e acrescentou que “não a condenaria, independentemente da decisão que tomasse”.
Fonte: noticias.gospelmais.com.br