Lava Jato contesta decisão de Sergio Moro, que considerou não existirem provas suficientes de que a esposa de Cunha soubesse da origem ilícita de recursos
Cláudia Cruz, esposa do ex deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixa a sede da Policia Federal após visitar o marido na carceragem da PF, em Curitiba (PR) - 26-10-2016 (Vagner Rosário/VEJA.com)
Em entrevista coletiva para detalhar a 41ª fase da Operação
Lava Jato, de nome “Poço Seco”, o procurador da República Carlos Fernando dos
Santos Lima, da força-tarefa da operação, criticou a decisão do juiz Sergio
Moro de absolver a jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Na avaliação do procurador, Moro teve “coração bom” ao absolvê-la,
mas se equivocou na tese de que Cláudia não tinha conhecimento da origem
ilícita dos recursos que mantinha no exterior.
Na sentença, o juiz Sergio Moro avaliou que era possível
comprovar que ela teve acesso aos recursos e de fato concretizou os gastos em
faturas de cartão de crédito e aquisição de produtos de luxo, mas que não
existiam provas de que ela não soubesse que o dinheiro, repassado por Cunha,
era proveniente de corrupção.”Uma pessoa como Cláudia Cruz, jornalista, com um
nível de formação cultural, deveria saber quais eram as origens dos recursos”,
rebateu o procurador.
Carlos Fernando confirmou que o MPF vai recorrer contra a
decisão de Moro ao Tribunal Regional Federal (TRF) e disse estar esperançoso de
que a Corte reverterá a decisão do juiz. Ele ressaltou que Cláudia Cruz não é
acusada por corrupção, mas sim por lavagem de dinheiro, o que acredita ter
ficado provado pela investigação.
O procurador ressaltou que o empresário português Idalécio
de Castro Rodrigues de Oliveira, absolvido na decisão de quinta-feira, terá a
sua inocência também contestada. Na decisão, o juiz Sergio Moro considerou que
não estava claro que ele tinha ciência de que o pagamento de cerca de dez
milhões de dólares ao lobista João Augusto Henriques, originários da compra dos
direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras,
não se tratavam de uma “comissão justificada”, mas sim de propina.
Em março, Eduardo Cunha foi condenado a quinze anos de
prisão por ter sido o beneficiário de parte desse valor em contas no exterior,
de onde teriam saído os recursos transferidos para outras contas, em
titularidade de Cláudia Cruz. Nesta sexta-feira, a Operação Poço Seco segue
investigando o pagamento de propina sobre o campo de Benin, buscando esclarecer
mais detalhes a respeito do caminho dos recursos e de outros possíveis envolvidos
e beneficiados no esquema.
Fonte: veja.abril.com.br/politica
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