Segundo o ato administrativo publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (6), Laurent Licari foi afastado do cargo em comissão. Além dele, polícia investigou empresários e ex-comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária.


Delegada Patrícia Domingos deu detalhes sobre as investigações que resultaram no indiciamento de dois funcionários públicos (Foto: Assessoria/Polícia Civil)
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governo de Pernambuco publicou no Diário oficial desta quarta-feira (7) o ato administrativo que exonerou Laurent Licari, que atuava como chefe de fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Ele é um dos indiciados pela Polícia Civil no inquérito que investigou um esquema de corrupção envolvendo também o ex-comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) Coronel Clóvis Pereira e dois empresários do setor de transportes coletivos.
Segundo a apuração, o grupo direcionava e intensificava fiscalizações em companhias de transporte de trabalhadores para favorecer empresas concorrentes. As informações sobre a investigação foram repassadas na terça-feira (6), pela delegada Patrícia Domingos, durante entrevista coletiva, na sede da Polícia Civil, no centro do Recife.
De acordo com uma nota enviada pela assessoria de comunicação do DER-PE, o ato número 2731 retira Laurent Licari do seu quadro de servidores comissionados. Conforme uma informação contida no Diário Oficial, ele tinha vínculo com a administração pública estadual para atuar como gestor do Terminal Rodoviário Antônio Farias, na Várzea, na Zona Oeste do Recife.
O ato informa que a exoneração tem data retroativa ao dia 1º de junho. Ou seja, Laurent Licari deixou de ter vínculo com o DER-PE cinco dias antes da divulgação da conclusão do inquérito policial. O Diário Oficial desta quarta informa, ainda, que ele será substituído por David da Silva Duarte. Ele passa a ocupar o cargo de gestor do Terminal Rodoviário Antônio Farias.

Fiscalizações direcionadas

Segundo a Polícia Civil, a estratégia utilizada pelos acusados era intensificar as abordagens a ônibus das empresas lesadas para gerar atrasos na chegada de funcionários e constrangimentos por causa da escolta dos veículos. Assim, eles faziam as empresas perderem contratos de serviço, que seriam assumidos pelos empresários envolvidos no esquema. (Veja vídeo acima).
Algumas das empresas alvo das fiscalizações e as envolvidas no esquema de corrupção eram contratadas por companhias do Complexo Portuário de Suape, no Grande Recife e faziam o transporte de trabalhadores até o porto, no Grande Recife.
Em uma das abordagens, em Panelas, no Agreste de Pernambuco, a polícia identificou que os próprios suspeitos divulgavam na imprensa as irregularidades registradas nas empresas concorrentes, para enfraquecer a credibilidade.
As fiscalizações ocorriam, principalmente, em Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, e em Sirinhaém e Panelas, no Agreste, ambas localizadas nos caminhos entre o interior e as fábricas localizadas na Região Metropolitana do Recife.

Denúncia

Policiais militares e funcionários do DER denunciaram o esquema praticado pelos superiores, iniciando a investigação da polícia, em 2015. Um montante de R$ 65 mil foi identificado pela polícia como resultante do esquema de corrupção, apenas nas contas bancárias do Coronel Clóvis.
De acordo com a delegada Patrícia Domingos, os empresários beneficiavam os funcionários públicos para que eles prejudicassem as concorrentes. O próprio comandante acompanhava as vistorias, o que não é comum, para garantir que os alvos fossem apenas quem não pagava a propina.
Domingos revelou que eles prestavam contas e mandavam relatórios a uma das empresas. Falavam sobre a quantidade e até fotos de ônibus abordados. As outras passavam despercebidas. Os servidores públicos vão responder pelo crime de corrupção passiva e os empresários por corrupção ativa, ambos com penas previstas de um a oito anos de reclusão.

Defesa

Na terça-feira (6), horas depois da divulgação da conclusão do inquérito, o advogado Willian Monteiro, que defende Laurent Licari, informou que o cliente "se coloca à disposição da Justiça para esclarecimento dos fatos". Na nota, enviada na terça, o defensor afirmou também que o indiciamento surpreendeu Licari.
Fonte: http://g1.globo.com/pernambuco

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